11 July 2007

A Serpente


Na rota do mercador errante, ali pelo deserto da escravidão humana, onde os seres vagueiam sem sentido como em busca de algo que não existe, desloca-se a serpente do universo. No seu trilho estes seres procuram uma resposta, não se consciencializando [ou mesmo entendendo] aquilo que surge perante os seus olhos. A serpente irradia uma aura carmim que se movimenta ao ritmo do seu andamento deslizante. O seu rasto é luminoso e brotam dele rebentos de rosas azuis. Passo a passo, em movimentos ondulatórios, o deserto vai sendo povoado por um verde rasgado.
Um dos seres escravizados agarra, sem sentido, uma gota de seiva do espinho da rosa e é envolvido pela vegetação que nasce da terra árida e [aparentemente] sem vida. Forma-se um casulo verde que contrasta com o amarelado desértico, crescendo à sua volta um oásis para todos aqueles perdidos no tempo e no espaço da escravidão tácita do vitupério da ignorância… Será um local de paz e harmonia, onde o conhecimento universal é transmitido nas folhas das árvores em caracteres que de forma misteriosa são compreensíveis para todos. É um pequeno mundo enclausurado e embebido em saber…

1 comment:

Anonymous said...

Better; much better!
Tem o vitupério da ignorância! What a luxury...
Beijos
J.