06 June 2007

Vitrina

Larga é a fonte que jorra por dentro da vitrina, no outro lado do espelho daquela escuridão que angustia e reconforta. O vidro é fumado como a névoa matinal de uma noite de Dezembro. Fria e calculista onde os sentidos são imiscuídos pelas gotículas cristalinas em vítreo condensadas. O reflexo ri-se e o espelho antes condensado crepita em brilhos de carmim crepuscular.
Mas a vitrina é falaciosa e a sua
particularidade dançante recria os ritos dionisíacos que inebriam os sentidos do mais forte. É o reflexo do que não se é mas procura-se ser, qual fada verde escondida no fundo da garrafa de absinto…
É uma subrepção consentida, uma violação da mente de onde o prazer retira a sua energia e sobrevive.

1 comment:

Anonymous said...

Quando o quase desespero te abraça,
quando já não podes ver-te como dantes eras ,
que não queres ver-te como agora és:
Olha-te no fumo do espelho e procura...

Procura nos olhos de quem vês , espera, saboreia devagar o silêncio; a resposta chegará sem ser dita.
Devagar, mas sábia.
Silenciosa, mas eloquente.

É a unica ajuda para encontrares o teu caminho. Tu.

J.