27 April 2007

Manhã

Desce a neblina na frieza da manhã. A mão gela na viagem da gola ao bolso. O nariz cora e os olhos adormecem numa mistura de sonho e vigília.

São 6 da manhã…
As batidas do relógio acompanham os passos do vaguear pela rua deserta. Vislumbro o primeiro vulto de alguém na aproximação da estação de comboios. Cruzamo-nos sem dirigir palavra ou olhar…

Somos um vulto! Uma sombra!
A indiferença habitual da cidade que é diluído pela sonolência.

Nasce o sonho da vigília matinal
Na diferença humana natural

Evanescem os
vultos deformados
Sombras de seres conformados

A cada passo o som ecoa
A cada
passo a forma destoa
A cada fôlego a sombra foge

A cada fôlego o vulto morre

Cresce a lata em meu redor
Surge o ruído de suor

Dos motores alimentados

Por caminhos desejados...

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