04 March 2007

A Minha Dor

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,

Aonde a pedra em
convulsões sombrias
Tem linhas de
um requinte escultural

Os sinos têm dobres de agonias

Ao gemer,
comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral

Ao bater das horas,
no correr dos dias


A minha Dor é um convento.
Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,

Tão belos como nunca
os viu alguém!


Nesse
triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro

E ninguém ouve…
ninguém vê… ninguém…


- Florbela Espanca
in Livro de Mágoas

No comments: