Desce a neblina na frieza da manhã. A mão gela na viagem da gola ao bolso. O nariz cora e os olhos adormecem numa mistura de sonho e vigília.
São 6 da manhã…
As batidas do relógio acompanham os passos do vaguear pela rua deserta. Vislumbro o primeiro vulto de alguém na aproximação da estação de comboios. Cruzamo-nos sem dirigir palavra ou olhar…
Somos um vulto! Uma sombra!
A indiferença habitual da cidade que é diluído pela sonolência.
Nasce o sonho da vigília matinal
Na diferença humana natural
Evanescem os vultos deformados
Sombras de seres conformados
A cada passo o som ecoa
A cada passo a forma destoa
A cada fôlego a sombra foge
A cada fôlego o vulto morre
Cresce a lata em meu redor
Surge o ruído de suor
Dos motores alimentados
Por caminhos desejados...